O apóstolo Paulo ordena, firmemente, aos leitores, em Romanos 12.9 e 10, que “amem sem fingimento”. Diz ele: “O amor deve ser sincero. Odeiem o que é mau; apeguem-se ao que é bom. Dediquem-se uns aos outros com amor fraternal. Prefiram dar honra aos outros mais do que a si próprios” – NVI). É fato que uma das características do mundo sem Deus é o amor fingido, que se revela no individualismo exacerbado dos nossos dias. Em contrapartida, o amor exigido dos cristãos não é interesseiro e nem condicional. O termo grego usado por Paulo para dizer como não deve esse amor tem origem no mundo teatral (hypókrites – hipócrita). O ator é um hipócrita, alguém que finge, desenvolve um papel, faz uma encenação. Assim, sua maior virtude é o fingimento e, quanto melhor finge, mais se destaca. Há atores que são impressionantes no desempenho de sua profissão. Como fingem bem! Suas representações são tão bem feitas que parecem verdadeiros. Compreende-se, pois, que a ordem é: “Não seja um ator (um hypókrites)! Seja verdadeiro! Não use máscaras de amável, bonzinho, abnegado, solícito. Ao invés disso, seja verdadeiramente amável, bom, abnegado, solícito.”.
O amor ao próximo envolve a participação nas suas alegrias e sofrimentos. Não basta dizer que ama, tem que participar, tem que se associar, sorrir junto, chorar junto, orar junto, por a mão no bolso junto, trabalhar junto, gastar tempo em algum empreendimento junto. Enfim, “junto” é a palavra chave. Ora, sacrificar-se pelo outro é a essência do amor, e há uma necessidade constante de lutar contra a hipocrisia e de amar de verdade as pessoas. Uma palavra que ajuda a descrever tal amor é “altruísmo”, que é o antônimo de egoísmo. Altruísta é aquele que não vive só para si, mas também para os outros. Vale lembrar que, antes de Paulo, Jesus já ensinara: “Ame o seu próximo como a si mesmo” (Mateus 22.39) e, mais à frente, o apóstolo João escreveria em sua primeira carta: “Filhinhos, não amemos de palavra nem de língua, mas de fato e de verdade” (3.18).
Já que o imperativo é amar de verdade as pessoas, por que não pensar em maneiras práticas de vivenciar verdadeiramente o amor que Cristo nos ensinou? Que tal esquecer um pouco a correria e parar para conversar com alguém que está com problema? Por que não entrar em contato com uma pessoa que há tempos não vem à igreja? Se for um amigo, pode visitá-lo, pois, talvez, esteja doente ou debilitado na fé. Há também outras formas de praticar o amor: ajudar financeiramente alguém que necessita ou viabilizar um emprego a um desempregado; os filhos podem demonstrar o amor por meio da obediência aos pais; o cônjuge pode evidenciar seu amor sendo fiel ao outro e, às vezes, com atitudes bem simples, como desligar um pouco a televisão, a fim de alimentar uma boa conversa. Enfim, é preciso lembrar que o amor não fingido implica em um estilo de vida de respeito e serviço ao outro, enxergando-o como digno e importante, criado à imagem e semelhança de Deus.
Pr. Adarlei Martins