“Do Senhor é a terra e a sua plenitude; o mundo e aqueles que nele habitam” (Salmos 19.1). “Porque fostes comprados por preço; glorificai, pois, a Deus no vosso corpo” (I Coríntios 6.20).
É comum ouvirmos pessoas dizendo “A vida é minha, faço com ela o que eu quiser” ou “A vida é minha, ninguém manda nela, senão eu.” Será que estas afirmações estão corretas? Vejamos o que a Bíblia ensina.
O livro de Gênesis mostra a origem de todas as coisas. Logo de início, afirma: “No princípio criou Deus os céus e a terra.” (Gênesis 1.1) No mesmo capítulo, encontramos Deus criando todas as coisas, inclusive, de um modo especial, o homem. Logo, por direito de criação, pertencemos a Deus. Ele tem todo o direito sobre a nossa vida para determinar tudo. Somos criaturas de Deus; fomos feitos por Ele. Ainda encontramos que o Senhor não só é Criador do ser humano, mas também seu Mantenedor e Sustentador. Tudo que somos e tudo o que temos são pela graça e misericórdia divina. Desde as coisas mais simples, como o ar que respiramos, recebemos dEle. Se o Senhor tirasse o ar por meia hora, todos e tudo morreria. Qualquer coisa em que possamos pensar, em última análise, devemos ao Senhor – como Davi, que, em ações de graça a Deus, se expressou mostrando que tudo é Dele e vem de Dele (I Crônicas 29.10 – 15).
A realidade é que não somos donos de nada. Tudo é de Deus. Somos “donos” provisoriamente, enquanto estamos aqui na Terra. Somos peregrinos e passamos por este mundo que pertence a Deus. Ele deixou-nos como administradores de tudo, a começar por nossa vida. É o que chamamos de mordomia da vida. No planeta Terra, só ao homem o Senhor deu o direito de livre arbítrio. Por essa razão, ele é responsável diante de Deus: “Este é o fim de todo o discurso: tudo já foi ouvido, teme a Deus e guarda os seus mandamentos; porque este é o dever de todo o homem. Porque Deus há de trazer a juízo toda a obra e até tudo o que está encoberto, quer seja bom, quer seja mau” (Eclesiastes 12.13 e 14). Podemos fazer o quisermos no usufruto deste corpo, em vida, mas somos responsáveis por todas as nossas ações. Quando nossa alma deixar este corpo, teremos a prestação de contas.
O que apresentamos, até agora, diz respeito a todos os homens, creiam ou não creiam em Deus. Todos os que nascem, crescem, usam a vida como decidem e, no seu final, com a morte, todos terão selado o seu destino eterno: a vida sem fim, no céu ou no inferno, de acordo com a obediência ou desobediência a Deus (Eclesiastes 12.13 e 14; II Coríntios 5.10; Hebreus 9.27).
Para os que creem em Deus, que reconhecem só a Jesus Cristo como único e suficiente Salvador e Senhor de sua vida, há mais outro motivo de buscar e fazer a vontade de Deus: fomos comprados por um preço que nenhum homem pode pagar, o sangue precioso de Jesus Cristo (II Coríntios 5.10; I Pedro 1.18 e 19). Passamos da condição de simples criaturas de Deus para a condição de filhos de Deus (João 1.12 e 13). Passamos a ter privilégios que só são concedidos aos filhos. Todas as ricas bênçãos e promessas divinas são para nós. Deus colocou tudo à nossa disposição, a partir daquilo que era o mais difícil, a entrega do Seu Filho amado, Jesus Cristo, para morrer pelos pecados de todos os que crerem. Por Jesus e com Jesus, o Senhor nos dará todas as coisas, como Paulo declara no seu Cântico de Vitória (Romanos 8.31 – 39).
Se todos os homens darão contas de todas as ações de sua vida, nós também teremos que dar conta das nossas ações como crentes em Cristo Jesus. Só haverá uma diferença muito grande nesse julgamento. Nele, os homens serão divididos em dois grandes grupos: os redimidos com a salvação garantida, pelo fato de terem crido em Jesus como único e suficiente Salvador e Senhor, e o segundo grupo dos que rejeitaram a Cristo. Estes serão julgados pelas suas obras, como consta no Livro das Obras (Apocalipse 20.11 – 15); mas como ninguém será salvo pelas obras ou mérito pessoal, irão para a condenação eterna no inferno. Os do primeiro grupo, cujo nome está escrito no Livro da Vida, serão julgados pela vida e obra para receberem o galardão, já que garantiram a salvação por meio de Jesus Cristo.
A vida é nossa para administrá-la, pois, na realidade, quem nos deu a vida foi Deus. Podemos usá-la como quisermos, sabendo que teremos que prestar contas quando o Senhor a recolher. É por essa razão que devemos orar como Moisés, no Salmo 90.12: “Senhor, ensina-nos a viver de tal maneira que alcancemos corações sábios”.
Pr. Miguel Horvath