Depois de nove meses escrevendo sobre variados assuntos, voltamos a escrever sobre os assuntos estudados na classe virtual da EBD. Os estudos iniciais serão sobre a carta do apóstolo Paulo aos Gálatas. Neles, seguiremos a orientação da revista da série Cartas de Paulo – Adultos – Escola Bíblica – Grupos pequenos.

Alguns afirmam que, provavelmente, a primeira epístola de Paulo aos Tessalonicenses foi a primeira carta escrita pelo apóstolo no ano 51 A.D., enquanto outros acham que seria a de Gálatas (entre 49 a 55 A.D.), e ainda outros que a de Coríntios. O valor da epístola não está em ser a primeira ou não, mas, sim, no conteúdo que ela traz. Essa carta às igrejas da Galácia foi fundamental não só para corrigir os erros doutrinários a que estavam sendo conduzidas, mas também para todas as igrejas do período apostólico e de toda a História do Cristianismo até hoje.

É notório que as raízes do cristianismo estão no judaísmo.  Deus escolheu Abraão para ser uma bênção não só para Israel, mas para todas as nações. Como preparação para a vinda do Messias, o Senhor formou a nação israelita a partir de Abraão, Isaque e Jacó e a escolheu para ser o Seu povo, por meio do qual trouxe a Lei Mosaica. Essa Lei, como diz Paulo, serviu de aio (Gálatas 3.23 – 25), isto é, tutor ou guia até a vinda de Jesus Cristo. Com a vinda de Jesus, Deus concretizou a salvação plena prometida logo após a queda do homem, no Jardim do Éden (Gênesis 3.15). Nos planos divinos, o judaísmo findou com a vinda, vida, morte e ressurreição de Jesus Cristo. Ele cumpriu toda a Lei e tomou o lugar de cada pecador na Cruz do Calvário. A partir daí, o pecador pode obter a justificação tão somente pela fé em Jesus Cristo.

Nem todos os judeus convertidos nos primórdios da História do Cristianismo entenderam que o homem, para ser salvo, precisava tão somente reconhecer que é pecador, arrepender-se, confessar os seus pecados diretamente a Deus, por meio de Jesus Cristo, crer em seu coração a eficiência da obra redentora do  Senhor e confessar com a boca que Jesus Cristo é o Seu único e suficiente Salvador e Senhor (Romanos 10.9 – 13). Havia aqueles que afirmavam que, mesmo crendo em Cristo, precisavam continuar a observar os ritos da circuncisão e sacrifícios e que os gentios (não judeus), ao se converterem a Cristo, precisavam guardar os preceitos da Lei para serem salvos. Eram os chamados “judaizantes”, que ensinavam que a salvação só era completa com a observação de todos os preceitos da Lei. Este evangelho, que não é o verdadeiro trazido por Jesus Cristo, é o que Paulo chama de “o outro evangelho, que, de fato, não é outro evangelho, senão que há alguns que vos perturbam e querem perverter o evangelho de Cristo” (Gálatas 1.6 e 7).

Esses judaizantes infiltravam-se nas igrejas cristãs, inoculavam o veneno dessa heresia e procuravam minar a autoridade de Paulo como apóstolo de Jesus Cristo. Este desvio doutrinário não foi apenas uma ideia errônea do primeiro século da presente era, mas tem, em suas variadas formas, atravessado os séculos. 0 fermento do legalismo ainda está presente, hoje, em muitas denominações. Há também os que anunciam “a fé mais obras” como requisito para a salvação. E, mais recentemente, algumas práticas do judaísmo são consideradas meios de edificação do povo de Deus.

  1. Prefácio da carta de Paulo aos gálatas e saudações – Gálatas 1.1 – 5

Logo na apresentação da carta, Paulo refutou um dos argumentos usados pelos judaizantes, afirmando que a sua chamada para o apostolado foi feita diretamente por Jesus Cristo e por Deus Pai que ressuscitou a seu Filho. Sua chamada não foi feita por homem, mas diretamente pelo Senhor. Esta condição lhe dava autoridade para anunciar as verdades do evangelho de Jesus Cristo. Ele não recebeu o evangelho de homem algum, mas diretamente do Senhor (1.12). Fez as saudações às igrejas da Galácia em seu nome e de todos os que estavam com ele (1.2 – 5).

A Galácia recebeu esse nome porque aquela região foi colonizada pelos Gauleses, que haviam emigrado da região onde, hoje, se encontra a França. A Galácia se estendia do norte ao centro da atual Turquia. Em 25 A.C., tornou-se uma província romana, quando foram anexadas à Galácia alguns territórios mais ao sul, incluindo as cidades de Antioquia (centro-sul da Turquia, atual cidade de Yalvaç), Icônio (hoje, Konya), Derbe e Listra (essas duas, atualmente, não são mais habitadas). Essas cidades fizeram parte da primeira viagem de Paulo (Atos 13 e 14) e é a elas que ele dirige a sua carta.

  1. A insegurança dos crentes da Galácia – (1.6 – 9)

A partir do versículo 6, o apóstolo mostrou seu espanto pela rápida mudança de pensamento daqueles irmãos, que o haviam recebido com tanta alegria e demonstração de fé. Tinham recebido o verdadeiro Evangelho e agora caminhavam para um evangelho espúrio. Afirmou que a nova doutrina que receberam não era o Evangelho de Jesus Cristo. Os judaizantes infiltraram-se nas igrejas para perverter o verdadeiro ensino de Cristo. Paulo os advertiu de que não deveriam, de modo algum, crer em um evangelho diferente, ainda que ele, Paulo, ou um anjo do céu lhes pregasse um evangelho diferente do que tinham recebido no início de sua fé. Qualquer que pregasse um “outro evangelho” deveria ser considerado um anátema, um amaldiçoado.

  1. O servo credenciado a pregar o evangelho – (1.10 – 24)

O pregador, como Paulo, não deve procurar agradar a homens, pois a mensagem deve agradar a Cristo. Os falsos pregadores, ao apresentarem suas mensagens, para serem aceitos, procuram agradar aos ouvintes. Paulo ainda defendeu que o pregador deve ser chamado ou vocacionado por Cristo. Paulo mostrou como era o seu procedimento antes de sua conversão: judeu praticante, adepto do judaísmo da época, zeloso das tradições dos pais, perseguidor de Jesus Cristo e seus seguidores, usando, inclusive, da violência contra os discípulos de Jesus. Era um fariseu, uma das seitas mais severas do seu tempo, mas quando teve o encontro com Jesus Cristo, no caminho de Damasco, sua vida foi transformada pelo Senhor. Ele não procurou logo os apóstolos, mas retirou-se para a Arábia, onde, em oração e reflexão, teve um arrebatamento ao céu (II Coríntios 12), onde viu e ouviu coisas inefáveis. Jesus, pessoalmente, fez a revelação de toda a verdade do Evangelho. Voltou para Damasco e só depois subiu a Jerusalém. Ele recebeu de Cristo a chamada para ser o apóstolo dos gentios.

  1. Verdades apresentadas no primeiro capítulo de Gálatas

  2. A origem do evangelho de Jesus Cristo está em Deus, e não em homem algum.

  3. O evangelho pregado por Paulo é o mesmo evangelho que precisamos pregar hoje, isto é, a salvação é tão somente mediante a fé em Jesus Cristo, sem as obras.

  4. O Evangelho, por si só, é suficiente, sem necessidade de acréscimo algum.

  5. O verdadeiro ministro de Cristo não procura agradar a homens, mas a Deus, e deve ser convertido por Cristo e dar provas da firmeza da sua fé e doutrina.

Pr. Miguel Horvath

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