Já faz muito tempo que conheço o poema abaixo, “Ou isto ou aquilo”, de Cecília Meirelles. Desde que tive contato com ele, nunca mais saiu da minha mente. Recentemente comecei a pensar o porquê disso: persigo o poema Ou ele me persegue?
Ou se tem chuva e não se tem sol,
ou se tem sol e não se tem chuva!
Ou se calça a luva e não se põe o anel,
ou se põe o anel e não se calça a luva!
Quem sobe nos ares não fica no chão,
quem fica no chão não sobe nos ares.
É uma grande pena que não se possa
estar ao mesmo tempo nos dois lugares!
Ou guardo o dinheiro e não compro o doce,
ou compro o doce e gasto o dinheiro.
Ou isto ou aquilo: ou isto ou aquilo…
e vivo escolhendo o dia inteiro!
Não sei se brinco, não sei se estudo,
se saio correndo ou fico tranquilo.
Mas não consegui entender ainda qual é melhor: se é isto ou aquilo.
Minha conclusão é simples: gosto do poema porque, diariamente, somos expostos a várias e inevitáveis escolhas, “ou isto ou aquilo”. Desde que abrimos os olhos, ainda no aconchego da nossa cama, até adormecermos, no final do dia, escolhemos entre isto ou aquilo.
Nos dias atuais, em que se deseja tudo e se tem ou se pode ter quase tudo, o exercício proposto pelo poema é de grande ajuda. Mas, antes de escolhermos, também precisamos exercitar-nos em considerar as possíveis implicações, os resultados e as inevitáveis consequências. Não devemos agir sem pensar, já dizia o sábio Salomão (Provérbios 19.2).
A caminhada cristã exige que façamos escolhas. Jesus exige dos seus discípulos exclusividade. Não dá para ser isto e aquilo; ter isto e aquilo. A realidade é isto ou aquilo, seja para o ser ou para o ter. Realmente, não dá para servir a dois senhores. Por isso, pergunto:
Quão fiéis somos aos princípios e valores de Cristo? Temos dividido nossa lealdade? Somos, durante a semana, aquilo que somos aos domingos, enquanto estamos na igreja?