“Mas tenho contra ti que arrefeceste o teu primeiro amor!” – Apocalipse 2.4

Esse versículo consta na carta que Jesus Cristo, já ressurreto, enviou à Igreja em Éfeso diretamente do céu. É importante notar, nesta carta e nas seis outras do livro de Apocalipse, Jesus está cumprindo a sua promessa de Mateus 28.20, de sua presença contínua com os seus discípulos e as suas igrejas: “Assim diz aquele que tem as sete estrelas (os pastores) na mão direita e anda no meio dos sete candelabros de ouro (as igrejas)” – Apocalipse 2.1). Sendo onisciente e onipresente, Ele afirma: “conheço as tuas obras, o teu trabalho e a tua perseverança” (Apocalipse 2.2). Em cada igreja verdadeiramente de Cristo, a sua presença permanente continua. Ele sabe não só das ações, mas dos pensamentos e das intenções da igreja como um todo, bem como de cada membro que a compõe.

A Igreja em Éfeso era, aparentemente, uma igreja perfeita, pois parecia não haver nela nada de errado. Exteriormente estava em boa ordem. Era incansável em seu trabalho e no seu esforço, perseverante, paciente nas tribulações, não suportando os maus, rejeitando os falsos apóstolos, mesmo sofrendo por amor do nome de Cristo não desfalecia. Permanecia firme; rejeitava as falsas doutrinas. Qualquer igreja, hoje, que apresente as virtudes da Igreja em Éfeso é elogiada por todos; mas o Senhor das Igrejas, Jesus Cristo, com o Seu olhar penetrante, vê uma falta muito grave na Igreja em Éfeso. A igreja tinha arrefecido no seu primeiro amor e não conservava mais aquele amor fervoroso e caloroso que caracterizara as suas primeiras experiências da vida cristã. Ela perdera o seu primitivo amor pela salvação dos pecadores; o fogo do evangelismo se apagara. Aquela dedicação e a consagração que tivera a Deus no princípio, já não existiam mais. Os crentes continuavam a levar avante um programa de atividades demonstrando ser uma igreja trabalhadora, mas aquele primeiro amor tinha sido perdido.

Jesus Cristo, no sermão profético de Mateus 24, previu que “por se multiplicar a maldade, o amor de muitos esfriará” (v.12). Da mesma maneira, numa pergunta retórica, disse: “Contudo, quando vier o Filho do homem achará fé na terra?” (Lucas 18.8). Jesus, como onisciente, sabia e sabe de todas as coisas, até os mais profundos sentimentos do coração humano. Hoje, podemos, aparentemente, achar que há muita fé e amor, mas não a verdadeira fé e o verdadeiro amor ao Senhor. Há a fé naquilo que não é verdadeiro segundo o conceito bíblico, e muito amor, mas nem sempre pelo que, realmente, deve ser amado. A cosmovisão da humanidade é antropocêntrica, desviando, assim, da verdade. Só com uma visão cristocêntrica ou bíblica, temos a vida verdadeira.

A grande lição da carta dirigida à igreja em Éfeso por Jesus Cristo (Apocalipse 2.1 – 7) é a mensagem divina do que Ele mais deseja na vida de cada um de nós: a volta ou manutenção daquele primeiro amor, que sentimos ao nos entregarmos a Jesus Cristo como Senhor e Salvador de nossa vida. Ele deixa evidente que aprecia a nossa vida cristã de fidelidade, obediência, dedicação à Sua causa, mas reprova o fato de não mantermos mais aquele amor fervoroso que tínhamos após a nossa conversão.

Antes desta pandemia do Covid-19, observávamos como boa parte de nós já demonstrava ter perdido “esse primeiro amor.” A igreja e o reino de Deus já não ocupavam o lugar prioritário em nossa vida. Muitas outras coisas terrenas, ainda que lícitas, ocupavam mais as nossas mentes do que as coisas espirituais. As coisas desta vida material tinham mais lugar em nossa vida. Esquecíamos que “Se fomos ressuscitados em Cristo, precisamos buscar as coisas de cima, onde Cristo está sentado à direita de Deus. Pensar nas coisas de cima e não nas que são da terra; pois morremos e a nossa vida está escondida em Deus” (Colossenses 3.1 – 3). O estado de imoralidade e depravação do mundo não nos afligia e nem o pensamento de que quem morre sem Cristo já está condenado eternamente.

O Senhor Jesus, que anda no meio de suas igrejas, vê tudo, não só nos cultos, mas também no dia a dia de cada um de nós, em nosso lar, em nossas leituras, em nossos entretimentos (o que vemos na TV ou celular), em nosso trabalho ou estudo, em nossos relacionamentos e mesmo em nossos pensamentos. Ele louvaria ou reprovaria a nossa maneira de viver e agir? Ele apreciaria a intensidade do nosso amor para com Ele em todas as circunstâncias do nosso dia a dia?

A pandemia trouxe alterações em muitos aspectos de nossa vida. Ainda permanecemos com certas restrições. Mas com esta parada forçada, temos que fazer uma reavaliação de como vivemos antes e como viveremos após o coronavírus. Tudo pode acontecer ou mesmo mudar, mas não podemos deixar de lembrar que o Senhor está no controle de tudo e devemos permanecer fiéis a Ele, dando-lhe a primazia em tudo, mantendo ou voltando ao nosso primeiro amor para com Deus.

Pr. Miguel Horvath

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