Nem sempre fé e obras são bem compreendidas. As duas virtudes não se opõem. O problema está em compreender que as obras devem ser resultado da fé. A salvação do pecador não vem por causa das obras que venha a praticar, mas pela fé incondicional de que, pela graça de Deus, mediante a fé, Jesus Cristo morreu e ressuscitou e é nosso Senhor e salvador. As obras são demonstrações externas da fé que temos em Deus. A verdadeira fé – a fé salvadora – é manifestada pela vida, pelas ações do salvo.

Não há conflito entre os ensinos de Tiago e Paulo. Cada um deles focaliza fé e obras de pontos de vista diferentes. Tiago enfatiza que não basta alguém dizer que tem fé, sem uma vida de obras correspondente. A fé é interior, mas produz mudança de vida. É uma vida dominada pelo amor e misericórdia. Está sempre disposto a ajudar o próximo e a perdoá-lo, quando necessário. É uma vida frutífera e abençoadora. Paulo, por sua vez, enfatiza que a salvação vem tão somente pela graça de Deus mediante a fé. As boas obras evidenciam a fé (Efésios 2.8 – 10). O contexto dos leitores de Tiago demonstra que havia um desprezo pelas obras, como se fossem desnecessárias; já entre os leitores de Paulo predominava a ideia de que as obras é que levavam à salvação.

Tiago está ensinando que uma fé meramente intelectual – crença em Deus somente, sem submissão e obediência – não tem valor. Não adianta alguém dizer que tem fé sem demonstra-la por meio de suas obras. São a evidência da fé. A fé de Abraão em Deus foi demonstrada pela entrega literal de seu único filho para ser imolado em obediência a Deus. As obras evidenciam a fé. Mas, sem fé, não há salvação. Paulo está mostrando que só a fé real – só a fé em Jesus – que salva, combatendo a ideia da necessidade de qualquer outra coisa para a salvação. A salvação é pela graça, mediante a fé, e as obras são consequências desta salvação.

Pr. Miguel Horvath

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