Nos capítulos 32 a 37 de Jó, lemos as palavras de um novo persona­gem que estava presente na companhia de Jó e seus três amigos: Eliú. Pouco sabemos de Eliú, a não ser que era filho de Baraquel, o buzita, da família de Rão. Pelo contexto, ficamos sabendo que ele ouvira tudo que Jó e seus amigos falaram. Quando todos se calaram, Eliú, não po­dendo mais conter-se, ficou irado contra Jó por considerar-se mais justo do que Deus e contra os três amigos, que, mesmo sem saber o que responder, condenavam a Jó (32.2 e 3).

Eliú explica porque esperou até aquele momento para falar: como jovem, em respeito aos mais velhos, ficara só ouvindo e esperando que a experi­ência dos anos mostrasse uma sabedoria maior. Reconheceu estes valo­res, mas, por outro lado, o Espírito de Deus pode dar sabedoria a qual­quer pessoa (32.6 – 10) e ensinar a falar a verdade com coragem, no temor do Senhor (32.20 – 22).

No primeiro discurso, Eliú dirigiu-se diretamente a Jó – “Ouve-me, Jó … ” (33.1 – 13) -colocando-se ao lado dele, falando a pura verdade (33.2 – 4) e estava disposto a ouvir o que Jó tinha a dizer (33.5 – 32). Deixou bem claro que ouviu tudo que Jó disse: que era inocente, que Deus era contra ele e que não lhe falava. Eliú argumentou que Deus falava sim e de diversos modos (33.14 – 29). Deus fala sempre para o bem do homem, “para guardar a sua alma da cova” (33.18). Eliú mos­trou que o sofrimento pode ser disciplina salutar (33.23 – 30) e ser um meio para impedir uma desgraça maior, a morte espiritual (v.28). Os desígnios de Deus excedem o entendimento humano.

No segundo discurso, Eliú dirigiu-se aos amigos de Jó: “Ouvi, ó sábios … ” (34.1 – 37). Como no 1º discurso, Eliú começou citando as colocações de Jó e, depois, dirigiu-se aos três amigos, realçando a perfeita justiça de Deus (34.10 – 12) como soberano Governador do Universo (34. 13, 17 -19), onisciente e poderoso (34.20 – 26). Eliú, como os três amigos, apresen­tou uma teologia correta, mas uma lógica que não se aplicava a Jó, pois partia de uma premissa errada (Jó havia cometido algum pecado grave).

No terceiro discurso (35.1 – 16), Eliú falou da grandeza de Deus, mas, mesmo assim, não distante dos que O buscam (35.10 – 12), encorajou Jó (34.14) e terminou dizendo que Jó estava falando de coisas que não sabia (35.16). No quarto e último discurso (36 e 37), Eliú exaltou a justiça de Deus, de como Ele dá atenção aos justos (36.5 -7) e de como pode usar o sofrimento para chamar os homens ao arrependi­mento. Conclamou que a aceitação com submissão, pode transformar a aflição em agente purificador. Eliú terminou seu discurso reconhe­cendo a tremenda grandeza de Deus na tempestade, fato que deve le­var-nos a uma postura humilde diante do Senhor. Deus é justo e fiel, por isso nossa atitude deve ser de reverência, reconhecendo as limita­ções do nosso conhecimento (36.26; 37.24).

Pr. Miguel Horvath

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