Em nosso calendário, o dia 02 de novembro é considerado “O dia de Finados”. Observamos que, através da História Humana, os povos têm tido noções bem diferentes em relação aos mortos, de acordo com suas culturas. Ainda que todos os povos tivessem alguma noção em relação a Deus, só Israel teve a noção certa do Senhor, pois foi a nação escolhida por Deus para receber a revelação divina e, depois, transmiti-la aos outros povos.
Ao dizermos que só Israel recebeu a revelação direta de Deus, não queremos dizer que os outros povos não receberam nenhuma revelação de Deus. É como Paulo ensina: “Pois o que se pode conhecer sobre Deus é manifestado entre eles, porque Deus lhes manifestou; pois, os seus atributos invisíveis, seu eterno poder e divindade, são claramente vistos desde a criação do mundo e percebidos mediante as coisas criadas, de modo que esses homens são indesculpáveis” (Romanos 1.19 e 20). O salmista Davi, encantado com as belezas da natureza, cantou: “Os céus proclamam a glória de Deus, e o firmamento anuncia as obras das suas mãos” (Salmos 19.1).
Cada povo, em sua cultura, tem uma maneira de agir em relação aos seus mortos, mas é preciso considerar o que realmente devemos crer em relação aos mortos. Como a revelação bíblica é progressiva, nas páginas do Velho Testamento ainda não havia um conceito mais completo sobre a morte e a vida além do túmulo como temos hoje nas páginas do Novo Testamento. Mas, desde o princípio, Deus proibiu qualquer tentativa de comunicar-se com os mortos (Deuteronômio 18.11; I Crônicas 10.13). A razão dessa proibição era evitar que os homens fossem enganados por Satanás. A Bíblia é clara em afirmar que, após a morte, se segue o juízo, e o morto vai para um dos dois lugares eternos, o céu ou o inferno (Lucas 16.19 – 31; Hebreus 9.27).
O homem foi dotado por Deus com o livre arbítrio, isto é, ele tem o direito de fazer as suas escolhas, mas também é responsável pelas consequências. É interessante observar que Deus coloca diante do homem o direito de escolher entre o bem e o mal, entre a vida e a morte (Deuteronômio 11.26 – 28; 30.15 e 19; Josué 24.15; Eclesiastes 11.9). Cada um de nós pode tomar as decisões que quiser, mas devemos saber que teremos que prestar contas de todos os nossos atos (II Coríntios 5. 10; 7 – 9; Apocalipse 20.11 – 15).
Jesus veio ao mundo para salvar os homens. Entre os seus ensinos, encontramos a verdadeira situação dos homens já nesta vida terrena: “Quem nele crê não é condenado; mas quem não crê já está condenado, pois não crê no nome do filho unigênito do Deus” (João 3.18). Os que não creem verdadeiramente em Jesus já estão condenados. Falta apenas que a sentença final seja selada no dia em que morrerem. Enquanto vivos, há a possibilidade de arrependimento dos seus pecados e crerem em Cristo. Essa possibilidade existe enquanto temos vida aqui na Terra, mas se alguém partir sem Cristo, está irremediavelmente perdido. A condição de todo o ser humano é de condenação por causa dos seus pecados, mas para reverter essa situação Jesus veio buscar e salvar o que se havia perdido (Lucas 19.10). A salvação está ao dispor de todos os homens, desde que queiram crer em Jesus. O desejo de Deus é que todos os homens sejam salvos (II Timóteo 2.3 – 5).
Tudo o que pudermos fazer para o bem de alguém deve ser feito enquanto há vida. No caso da parábola de Jesus (Lucas 16.19 – 31), vemos que todo o esforço do rico incrédulo foi em vão, primeiro para aliviar sua situação de sofrimento e, depois, a impossibilidade de mandar Lázaro voltar a fim de avisar seus irmãos, alertando-os da condenação que já pesava sobre eles, caso não cressem. Eles tinham tudo o que era necessário para obedecer, se quisessem crer. Nenhuma oração deve ser feita pelos que morreram porque o destino eterno de cada um já está determinado pelas decisões tomadas em vida. Nada mais pode ser feito pelos mortos.
Uma última consideração sobre os salvos por Cristo que já partiram para a eternidade. Paulo consola os tessalonicenses quanto aos que já faleceram tendo a fé em Cristo. Eles estão felizes com Cristo no gozo eterno e, quando Cristo vier visivelmente a esta Terra, eles, já ressuscitados (isso é, tendo já seus corpos celestiais), voltarão com Cristo, que virá buscar-nos e levar-nos, com eles, para estarmos para sempre com o Senhor (I Tessalonicenses 4.13 – 18).
Ainda que sintamos saudades e a ausência temporária dos nossos queridos que faleceram, devemos regozijar-nos no Senhor por, pelo menos, três razões: 1ª) eles já estão entregues aos cuidados de Cristo, vivendo felizes no usufruto do gozo celestial; 2ª) sentimento de gratidão a Deus por tê-los salvo; e 3ª) gratidão a Deus pela bênção que esses entes queridos foram em nossa vida enquanto estiveram conosco.
Finalmente, se sabemos que a salvação ou condenação de todo o ser humano depende da decisão tomada, em vida, em relação a Cristo, sejamos atalaias diligentes, avisando a todos da bênção que está ao seu dispor ou da condenação certa se não crerem em Cristo Jesus como Único e Suficiente Salvador.
Pr. Miguel Horvath