No capítulo 3, ouvimos o grito desesperado de um homem de Deus (Jó) mergulhado em dor e sofrimentos. Ele tinha consciência de que havia man­tido sua fé e integridade diante de Deus, mas desconhecia o porquê de todo o sofrimento pelo qual estava passando. Os seus amigos que vieram consosolá-lo também ignoravam a causa de todo o seu sofrimento. Vejamos como eles reagiram às palavras de Jó. Comecemos com Elifaz.

Elifaz começou bem a sua resposta, ainda que, com certo receio ( 4.2-6), re­conhecendo a maturidade espiritual de Jó e como foi uma bênção para muitas vidas. A argumentação de Elifaz teve base lógica, pois apresentava o que é um ensino bíblico – de que, ao justo, sucede o bem e, aos que se­meiam o mal, virão os males (Jó 4.7-8; Gálatas 6.7). Ele tinha uma boa teolo­gia, mas é um péssimo conselheiro. Ele reconheceu a santidade, a justiça, a sabedoria e a misericórdia de Deus, mas mostrou insensatez diante de alguém em terrível sofrimento. Elifaz começou bem a sua fala, com bastante tato, mas depois apresentou uma certeza dogmática de quem já resolveu o problema (Jó. 5.27). Deus é justo e não castigaria um homem inocente; logo, Jó era um grande pecador e, por isso, estava sendo castigado. Por outro lado, Deus também é misericordioso. Se Jó se arrependesse, Deus o perdo­aria, e ele seria curado. É uma lógica que pode ser aplicada em muitos casos, mas esse não era o caso de Jó.

No capítulo 15, Elifaz defendeu a sua teologia usando um discurso cada vez mais duro. Acusou Jó de presunção, uso da linguagem dos astutos e de beber a maldade como água. No capítulo 22, Elifaz acusou Jó de diversos pecados, caluniando Jó sem fundamento. Nem ele, nem seus amigos e nem Jó sabiam do ocorrido no capítulo 1 e 2. Eles não sabiam que tudo aquilo era para provar a integridade e a fé de Jó.

Concluindo, Elifaz mostrou-se um bom teólogo, mas um péssimo conselhei­ro. Seus argumentos seriam válidos se, realmente, Jó tivesse cometido os pecados que lhe atribuía. Como conselheiros, precisamos buscar a sabedo­ria divina para confortar e ajudar os que sofrem, pois só Deus sabe o porquê de todo o sofrimento humano.

Pr. Miguel Horvath

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