Não há muito, um amante da arte, tendo sabido da existência, em local ignorado, de um retrato de Dante, pintado por Giotto, decidiu descobri-lo. Guiando-se por informações pacientemente recolhidas, acabou por ir ter a um lugarejo e neste, a uma granja afastada. Uma vez ali, dirigiu-se a um depósito de materiais. Lá estava a tela, cuidadosamente disfarçada na parede.

Como e por que fora parar ali? Mistério.

Coisa parecida se dá com o retrato de Cristo. Temo-lo nos Evangelhos, numa absoluta pureza de linhas. Nem mesmo o gênio a serviço da arte poderia reproduzir com tanta exatidão a personalidade de Cristo. Retrato perfeito. Mas não é verdade que, frequentemente, ocultamos esse presente de Deus, tentando substituí-lo pelas nossas criações? Em lugar dele, retórica, teologia, liturgia, eclesiasticismo… De Cristo mesmo, nada ou quase nada. Ou, quando muito, um Cristo sofisticado, à moda do século.

Não é à toa que, de quando em quando, a história do cristianismo registra movimentos sísmicos. Dá-se nessas ocasiões um quebra-quebra medonho. Parece que nada irá escapar à fúria iconoclasta dos reformadores. Mas é preciso ser assim. É preciso ir em busca do Cristo que os homens fizeram desaparecer sob uma batelada de inovações.

É de Cristo que a humanidade precisa. Desiludida e exausta, só Ele poderá ajudá-la.

Ai da igreja se encerrar nos seus subterrâneos a relíquia dos Evangelhos, enquanto tenta distrair os homens improvisando shows! É iníquo esconder pão ao faminto.

E não será mais iníquo esconder Cristo aos homens?

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