Certa vez, li que Michelangelo, enquanto pintava o teto da Capela Sistina (Roma) com grande habilidade e muito esforço, foi interrogado por alguém com a seguinte pergunta:

_Por que você se esforça tanto para pintar um canto escuro que ninguém verá?

Michelangelo respondeu: _Deus vê.

Que convicção! Que certeza!

Muito antes de Michelangelo, Hagar, uma escrava egípcia, ao ser maltratada por sua senhora (Sarai), teve uma dupla experiência ao constatar que Deus ouve e vê (Gênesis 16.11-13). Muitas vezes, variamos entre fazermos coisas para sermos percebidos, notados e aplaudidos e fazemos coisas para não serem vistas e percebidas. No primeiro caso, buscamos nossa glória; já no segundo, escondemos nosso caráter.

Também variamos entre nos sentirmos esquecidos e desprezados e satisfeitos por estarmos em evidência. No primeiro caso, permitimos que nossos sentimentos ofusquem a realidade de que Deus é o “Deus que vê”; já no segundo, corremos o risco de nos contentarmos com as luzes dos holofotes e não no Deus que vê.

Hagar, sozinha no deserto, experimentou a realidade do Deus que a ouve e a vê. Deus tinha ouvido sua aflição; Deus a viu em sofrimento. Michelangelo, sozinho na capela Sistina, pintando cenas do Antigo Testamento, experimenta da mesma realidade: Deus é o Deus que vê. Michelangelo, no seu esforço limitado, pretendia comunicar uma realidade invisível e ilimitada; todo aquele trabalho não era para um Papa, mas para o Deus que vê. Esse tipo de convicção é cultivada muitas vezes na solidão, na escuridão, nos desertos, nas aflições, nas lutas, no esforço…

Oro para que nossos olhos estejam atentos ao Deus que vê. e que nele encontremos razão e motivação para sermos homens e mulheres fiéis.

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