No estudo de hoje, vamos refletir sobre a importância da justificação pela fé e a necessidade de cuidar do bom nome do cristão para que a nossa pregação atinja os seus objetivos.
Paulo inicia o capítulo 2 da sua epístola aos Gálatas fazendo um histórico de sua vida e de sua pregação após ter exposto, no capítulo primeiro, sua conversão, sua chamada para ser apóstolo de Jesus Cristo, pelo próprio Senhor, e a veracidade do evangelho que pregava, e continua a narração para comprovar que a salvação do homem vem tão somente através da morte e ressurreição de Cristo.
Na continuação do seu relato, relembra que, após 14, em sua segunda estada em Jerusalém (para levar a ajuda humanitária – At 11.30), voltou outra vez para lá, levando consigo Barnabé e Tito. Paulo afirma ter subido por causa de uma revelação para expor o evangelho que pregava entre os gentios. A sua exposição foi para os principais líderes da igreja em Jerusalém – particularmente, aos mais expoentes –, para a confirmação da legitimidade do evangelho que pregava.
Um dos companheiros que levava era Tito. Este era grego, convertido ao cristianismo e não circuncisado – apenas creu em Cristo como único meio de salvação. Na ocasião, todos aceitaram Tito como um discípulo, mesmo sem a circuncisão, sem essa exigência ou necessidade. Isso revela que Paulo levou Tito a Jerusalém para que, mais tarte, fosse evidência legal de que a salvação de Deus é somente pela graça a todo o que crê, quer judeu ou gentio.
Paulo continua seu relato informando que toda a problemática sobre a eficácia da salvação pela graça de Deus por meio da fé foi causada pelos falsos irmãos (os que negam a verdade), que haviam se intrometido, secretamente, para espiar a liberdade que há em Cristo, com o propósito de submeter o crente à escravidão espiritual.
A liberdade espiritual em Cristo significa ser liberto da escravidão do pecado (2.14). Nossos pecados são perdoados e a paz de Deus preenche o nosso coração (I João 1.9; Romanos 5.1; Isaias 53); somos salvos da ira de Deus e considerados seus filhos (João 1.12 e 13); temos o Espírito Santo habitando em nós (Romanos 8.9; João 8.36) e não estamos mais sob o domínio da lei (3.25). A liberdade cristã é expressa por meio da submissão voluntária da vontade apenas à Palavra de Deus. O crente está livre das tradições humanas, mas obediente em tudo tão somente ao que a Bíblia ensina.
Paulo, ainda lembra que foi chamado para pregar aos gentios, enquanto Pedro foi para os da circuncisão (os judeus). O mesmo Deus, agindo do mesmo modo por meio dele e por meio de Pedro. E lembra que, após a reunião, todos os líderes da igreja em Jerusalém reconheceram a graça que havia sido dada a Paulo e Barnabé e estenderam a mão de comunhão a eles para que fossem pregar aos gentios, e eles, à circuncisão (2.9). A única recomendação era que se lembrassem dos pobres, o que tinha sido feito (2.10).
Depois de tudo isso, quando Pedro chegou à igreja em Antioquia, vivia comendo com os crentes gentios, até a chegada de alguns da parte de Tiago, quando ele deixou de participar da comunhão com os gentios com medo dos que eram da circuncisão. Com isso, outros cristãos judeus fizeram o mesmo e iam levando também a Barnabé na mesma prática. Quando o apóstolo Paulo percebeu essa dissimulação (ou hipocrisia) de Pedro, repreendeu-o publicamente (cara a cara com ele): “Se tu, sendo judeus, vives como os gentios, e não como os judeus, por que obrigas os gentios a viver como judeus? Nós somos judeus por natureza e não pecadores dentre os gentios, sabemos, contudo, que o homem não é justificado pelas obras da lei, mas pela fé em Jesus Cristo. Nós temos crido em Jesus Cristo, para sermos justificados pela fé em Cristo e não pelas obras da lei, pois ninguém será justificado pelas obras da lei” (2.14b -16). Esta atitude sincera e corajosa de Paulo era para preservar o verdadeiro evangelho de Jesus Cristo, sem nada acrescentar ou tirar.
Nos três últimos versículos deste capítulo, Paulo destaca que, pela lei, ele morreu para a lei, a fim de viver para Deus, significando que já estava crucificado com Cristo e que não era mais ele que estava vivendo, mas, sim, Cristo vivendo nele, e que a vida que tinha em seu corpo era pela fé no Filho de Deus, que o amou e se entregou por ele. E conclui que, se vivesse pela justiça que vem por meio da lei, estaria tornando inútil a morte de Cristo (2.19 – 21).
Conclusão: Graças a Deus pela vida de obediência e fidelidade do apóstolo ao verdadeiro evangelho de Cristo. Sua luta pela preservação do evangelho não foi em vão. O verdadeiro evangelho de Cristo proclama que a salvação do homem vem tão somente pela graça de Deus, através de Jesus Cristo, mediante a fé. Nada mais é necessário. Por outro lado, a nossa justificação diante de Deus não significa que podemos viver como quisermos. Quem verdadeiramente aceita a Cristo como seu único Salvador e Senhor precisa reconhecer que a sua vida agora deve ser norteada por Cristo. Cada um de nós deve reconhecer que, ao sermos por Cristo, morremos com Ele para o mundo e o pecado. A nossa vontade pessoal e as paixões mundanas devem dar lugar à vontade de Deus.
A fé em Cristo deve produzir mudança radical em nossa vida. Quando somos regenerados e justificados por Deus através de Jesus Cristo, tudo em nossa vida se faz novo. Todos devem notar, mesmo sem falarmos, pelas nossas atitudes, que somos diferentes dos demais homens, pois somos novas criaturas.
Pr. Miguel Horvath