Há cerca de quatro décadas, surgiu uma heresia intitulada a impecabilidade do crente, numa igreja batista do norte do Paraná. Essa heresia dizia que o salvo por Cristo não peca mais. Ainda hoje, há quem creia dessa maneira. Será que este ensino tem apoio bíblico? Não. Nada na Bíblia afirma que o salvo não peca mais. Ao contrário, como diz o apóstolo João, “Se dissermos que não temos pecado nenhum, enganamo-nos a nós mesmos, e a verdade não está em nós” (I João 1.8).

O pecado atingiu toda a raça humana a partir de Adão e Eva (Romanos 3.23; II Crônicas 6.36; Salmos 51.5; João 8.7). Só Jesus Cristo nasceu sem pecado; isso porque o seu nascimento foi sobrenatural, obra do Espírito Santo (Lucas 1.35; Mateus 1.18, 20). O pecado é terrível, gera todos os males na humanidade (Tiago 4.1 – 4; Gênesis 6.5) e, por fim, gera a morte física, espiritual e eterna (Romanos 6.23).

Para vencer o terrível pecado, Deus, a partir do momento em que o primeiro casal pecou, fez a promessa da redenção, de enviar ao mundo o Salvador, que nasceria da descendência de Eva (Gênesis 3.15). E Deus assim agiu porque nada e ninguém poderia derrotar o pecado, a não ser o Seu enviado especial: Seu Filho Unigênito, Jesus Cristo.

Só o próprio Deus, fazendo-se homem, poderia executar uma tarefa tão grandiosa. O Velho Testamento revela ao longo de suas páginas a preparação do mundo e anunciação do cumprimento da grandiosa promessa da Vinda do Messias, o Redentor da Humanidade, e o Novo Testamento mostra como, na plenitude dos tempos (Gálatas 4.4), Deus cumpriu esta promessa.

Com a morte, ressurreição e ascensão de Jesus Cristo, foi feito o resgate do pecado e determinada a derrota de Satanás. Para o homem ter o perdão dos seus pecados e ser regenerado (nascer de novo – João 3.1 – 16), ele precisa reconhecer que é pecador e que só Jesus tem o poder de perdoar os seus pecados e salvá-lo. Só com o único Mediador entre Deus e os homens (I Timóteo 2.5) é possível a salvação. Só o nome de Jesus Cristo foi dado como eficaz para dar salvação aos homens (Atos 4.12).

Logo, se em Jesus temos a salvação com o perdão do todos os nossos pecados, por que ainda pecamos? É neste ponto que entra a heresia da impecabilidade do crente. A heresia esquece que, ao nascer do novo, o homem recebe uma nova natureza, a espiritual, mas que a velha natureza pecaminosa (herdada dos pais) permanece. O homem natural (o não regenerado) só tem a natureza carnal; enquanto o salvo por Cristo recebe uma nova natureza, a espiritual. O apóstolo Paulo descreve como a natureza carnal subsiste na vida do salvo até a sua morte física e faz a sua lamentação: “Miserável homem que sou, quem me livrará do corpo desta morte?” (Romanos 7.24) para depois dar o brado de vitória: “Graças a Deus, por Jesus Cristo, nosso Senhor! De maneira que eu, de mim mesmo, com a mente, sou escravo da lei de Deus, mas segundo a carne, da lei do pecado” (Romanos 7.25).

Portanto, o salvo peca porque ainda continua com a natureza carnal que o acompanhará até o final da sua vida terrestre; mas, como recebeu uma natureza nova, a espiritual, estabelece-se a luta entre a carne e o espírito (Gálatas 5.17). Para alcançar a vitória sobre o pecado, cabe ao crente dar primazia à sua natureza espiritual para enfraquecer e vencer a natureza carnal.

É bom lembrar que  há uma diferença entre o pecar do crente e do não crente. O incrédulo vive num estado permanente de pecado; o salvo por Cristo comete atos de pecado e tem ao seu dispor um advogado para com o Pai, Jesus Cristo, o justo (I João 2.1).  Se Deus quiser, voltaremos, no próximo Boletim, para complementar porque ainda pecamos e como alcançar a vitória sobre o pecado.

Pr. Miguel Horvath

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