Há pelo menos 67 bem-aventuranças nas páginas da Bíblia, sendo 26 delas no Velho Testamento e 41 no Novo Testamento. Pode haver alguma diferença pelas várias traduções diferentes. Só o Apocalipse, último livro da Bíblia, escrito por volta do ano 95 da era cristã, tem seis bem-aventuranças (1.3; 14.13; 16.15; 19.9; 20.6 e 22.7). As bem-aventuranças são promessas que se cumprem na vida daqueles que as observam. A expressão “bem-aventurado” deve dar-nos a ideia de um estado de felicidade intenso, mais do que felizes.
A razão por que estou destacando as bem-aventuranças é que, ao terminar, mais uma vez, a leitura da Bíblia toda, em sua sequência canônica, no dia 1 de novembro, a minha atenção ficou focada em Apocalipse 22.7: “Eis que cedo venho; bem-aventurado aquele guarda as palavras da profecia deste livro”. Ainda que, em primeira interpretação, a referência seja ao livro de Apocalipse, numa aplicação mais ampla, estende-se à Bíblia toda.
Em Apocalipse 1.3, já havia sido proclamada esta bem-aventurança: “Bem-aventurados os que leem e também os que ouvem as palavras desta profecia e guardam as coisas que nela estão escritas, porque o tempo está próximo”. Para que a bem-aventurança seja real, há necessidade não só de ler e ouvir, mas cumprir os ensinos apresentados. Ao lermos todas as bem-aventuranças apresentadas na Bíblia, verificamos que todas elas se referem à felicidade daqueles que se propõem a observar os vários aspectos dos ensinos dados por Deus aos homens. Pelo fato de a Bíblia ser o “Manual de instruções dadas pelo Criador”, o homem só poderá ser mais do que feliz se observar ao que ali está contido.
Sem a Bíblia, estaríamos perdidos, sem nenhuma orientação, como um navio em alto mar sem uma bússola. A existência e magnificência de Deus poderiam ser vistas e sentidas pela beleza e perfeição da criação (natureza), mas faltaria a orientação de como conhecer e entrar em contato com esse Criador. A Bíblia veio trazer essa revelação. O Salmo 119 demonstra a necessidade e importância da Palavra de Deus na vida do ser humano. Ela é fundamental na vida dos homens. É o guia infalível que o homem tem ao seu dispor para conhecer e manter comunhão com esse Criador.
A Bíblia também nos revela que, além de Deus, há um outro agente contra Deus na vida humana, desde o início de sua História, Satanás, que não é auto existente, mas que foi criado por Deus como um anjo de Luz (Lúcifer – Ezequiel 28.11 – 18; 31.8 – 9). Esse anjo rebelou-se contra Deus, arrastando miríades de anjos com ele, mas foi vencido no céu e expulso do Paraíso (Apocalipse 12). Após a criação do homem, ele veio tentá-lo com o propósito de levá-lo a desobedecer a Deus. Infelizmente, o primeiro casal acabou iludido por ele, pecando contra Deus em seu ato de desobediência (Gênesis 3). A partir daí, sua luta continua para afastar o homem do seu Criador. Mas, graças a Deus, a partir daquele momento, o Senhor fez a promessa da vinda do redentor e a cumpriu com a vinda, vida, morte e ressurreição de Jesus Cristo.
Como no princípio, quando Satanás colocou a dúvida no coração do primeiro casal humano quanto à veracidade da Palavra de Deus (Gênesis 3.1 – 6), assim ele continua agindo até hoje, como podemos constatar através dos séculos. As formas de desacreditar a Palavra apresentadas pelo inimigo são as mais variadas. Infelizmente, ele tem conseguido colocar no coração de muitos dúvidas sobre a perfeição da Bíblia. Ultimamente, tem insinuado que ela é um livro desatualizado, que precisa de uma revisão geral para adequá-la aos tempos de hoje. Muitos têm sucumbido pelo fato de ignorarem que a revelação bíblica é perfeita e está completa, desde o final do primeiro século da era cristã. O nosso Deus é imutável e eterno. A sua revelação tem valor permanente. Tudo que “foi escrito no passado o foi para que tenhamos esperança por meio da perseverança e do ânimo que provêm das Escrituras” (Romanos 15.4). Ela “é divinamente inspirada e proveitosa para ensinar, para repreender, para corrigir, para instruir em justiça a fim de que o homem de Deus tenha capacidade e pleno preparo para toda a obra” (II Timóteo 3.16 e 17). Nas Escrituras Sagradas, estão todos os princípios imutáveis para todo o ser humano, desde Adão até a volta de Jesus Cristo para consumar a obra divina na Terra. Por essas verdades eternas é que o inimigo tem colocado no coração dos incautos a ideia de “atualizar” a Bíblia para estar de acordo com a corrupção da sociedade.
Pr. Miguel Horvath